sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Que as águas de março fechem o verão

O ano caminha para a reta final e é inevitável não lembrar isso. Não porque esteja acabando, mas sim por se tratar de 2008. Sem dúvida, várias gerações futuras vão lembrar e até mesmo estudar esses doze meses. Muita coisa aconteceu. E não foi somente isso. Muita coisa importante aconteceu.
Detalhar todos os fatos ocorridos é difícil, porém, muitos devem ser registrados. A maior potência do mundo vai ter, pela primeira vez na história, um presidente negro. O que parece não ser tão expressivo hoje, na realidade é um sonho que começa a se consumar. O sonho no qual Martin Luther King falava na década de 60. Ainda não é o ideal, uma vez que o preconceito é forte nos EUA, mas já é um importante passo para uma sociedade mais igualitária. Na Fórmula 1, o mesmo feito. O que era impensável há algum tempo se concretizou. Lewis Hamilton, um negro, é o melhor da categoria. Tristeza aos brasileiros, que viram Felipe Massa a um triz de conquistar o título. No entanto, a paixão e orgulho brasileiros pelo esporte voltaram a existir como nos velhos e bons tempos de Senna, Piquet e Fittipaldi.
Esse ano retoma-se a discussão política e econômica mundial. A crise financeira assusta como 1929, e vem à tona até que ponto o mercado deve se auto-regular sem quaisquer interferências do Estado. A grande polêmica de todo o século XX está de volta, mas em moldes diferentes. Ainda no campo político, o Brasil atravessou mais um ano de eleições municipais. Ocorreram atrasos e avanços. A democracia brasileira amadurece, mas infelizmente, persiste a corrupção de compra de votos. A Polícia Federal continuou cassando políticos, combatendo a corrupção até mesmo dentro da própria instituição. Prato cheio também nas páginas policiais. O trágico caso da menina Isabella Nardoni e mais recentemente o assassinato da jovem Eloá.
Ano do esporte também. As Olimpíadas de Pequim foram históricas. A hegemonia dos EUA foi quebrada. A China surge como a grande potência esportiva e mostra sua força política. O Campeonato Brasileiro está prestes a ver algo inédito. Desde 1971, quando surgiu a competição, é a primeira vez que um time está muito próximo de conquistar o torneio pela terceira vez consecutiva. Os pontos corridos mostram a verdadeira face dos times brasileiros. Os que se preparam, como São Paulo, Cruzeiro e Palmeiras, no topo da tabela. Enquanto os desorganizados Vasco e Santos lutam para não serem rebaixados para a série B.
Esse ano também é de comemorações. Há 50 anos surgia a Bossa Nova. Um verdadeiro marco da música brasileira, que colocou o talento do Brasil para o mundo inteiro. Também em 1958, o Brasil vencia sua primeira Copa do Mundo, mostrando o talento de Pelé e Garrincha. Os 200 anos da chegada da família real portuguesa no Brasil, e uma colônia que se encaminhava para a independência.
O ano vai chegando ao fim, e cidades brasileiras afundam nas águas. As chuvas mal começaram, mas já trouxeram estragos irreversíveis. Cidades inteiras paradas. Realmente muita coisa aconteceu e a natureza continua a ser prejudicada. As guerras não terminam. Conflitos no Leste Europeu, no Oriente Médio, na Índia, nas favelas do Brasil. O tempo passa, e a humanidade não sai do lugar. 2008 é como se fosse uma aula de História. Política, economia e sociedade tão pensadas e revistas. Mas o que se vê é o tempo repetindo. A mesma história de sempre. Ano passa, ano vem e o mesmo persiste. Até quando o ano seguinte vai ser a esperança? 2009 chega e com ele muitas perspectivas (as mesmas que serão escritas daqui um ano). E o que esperam nesse momento é que as águas de março fechem o verão e que venha a promessa de um político ladrão.

por José dos Reis Valentim Júnior

Nenhum comentário: