por Marcella Ganimi
A constatação de que chegou o fim do ano traz duas sensações simultâneas: de alívio e de assombro. Alívio porque chega o período de descanso de um ano inteiro de intensas e numerosas atividades, e o assombro porque parece que o tempo passou rápido demais. É como se tivéssemos feito muita coisa em um ano, mas nem de longe fizemos tudo o que queríamos, programamos, e, principalmente, precisávamos. Ao mesmo tempo, tanta coisa aconteceu que não conseguimos nem mesmo lembrar do conteúdo da listinha de objetivos a serem alcançados, que fizemos no dia 31 de dezembro do ano passado.
E então nos olhamos e nos damos conta que o tempo passou sem que pudéssemos perceber. Nós trabalhamos, estudamos, fizemos (muitas) horas extras, ficamos estressados. O ano passou e a listinha do reveillon quase não foi riscada. Muitos objetivos serão – mais uma vez – reescritos na lista do próximo ano. Pensando matematicamente: as metas estabelecidas para 2008 que não forem cumpridas, serão parte dos objetivos de 2009. Isso resulta numa diminuição considerável do tempo nos próximos doze meses para resolver questões relativas a esse mesmo período.
A praticidade necessária no decorrer dos dias nos impede de sonhar um pouco mais com aquela aula de dança, um curso de pintura ou então – o que é mais assustador – com um pouco mais de tempo para a família ou os amigos. Isso vai ficando para as próximas listas. E aí não dá tempo de pensar muito, porque a falta de tempo nos tira também a criatividade. As nossas relações tem sido superficiais pela falta de tempo e excesso de problemas para resolver. Estamos deixando de ser humanos e, o que é pior, sentindo – e nos tornando – cada vez mais vazios e produzindo cada vez mais.
Tento pensar numa solução prática. Não encontro. Mas a idéia de antecipar a lista, assim que entrar de férias, me parece bastante considerável. Dessa forma, adianto o processo, que tem sido atrasado ano após ano.E, de súbito, me lembro que dia é hoje. Olho, desesperada um calendário e apenas uma pergunta me vem à cabeça: Já?
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