sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Milagre naufragado

Já se falou em números exorbitantes relacionados a distâncias, investimentos e volume de petróleo existente na região do pré-sal. A discussão de hoje tem em pauta valores bem mais humildes. Entretanto, o que reduziu não foi a dificuldade de exploração do petróleo pela distância ter encolhido ou por terem visto que os investimentos poderiam ser menores. O valor do petróleo, agora menor, traz à realidade a verdadeira viabilidade econômica de explorar as reservas submersas- ou pelo menos deveria.
O preço do petróleo, em junho, alcançou quase US$ 150 o barril; o que fez com que o pré-sal fosse chamado de “sinais de Deus” pelo presidente Lula. Atualmente, toda essa empolgação foi por água abaixo. O preço do barril encontra-se variando entre US$ 50 e US$ 60, fazendo com que a nossa fortuna submersa não seja mais vista como o milagre salvador dos brasileiros.
Mesmo com a crise mundial e com os baixos preços do petróleo, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmaram que a estatal não trabalha com a possibilidade de adiamento de projetos do pré-sal. Ora, não faz sentido aumentar a oferta de um produto que está em baixa. Com os preços em alta já se discutia se os lucros compensariam os investimentos tecnológicos, agora o retorno financeiro distancia-se cada vez mais. Com a diminuição da receita, a Petrobras deveria se concentrar mais na área de produção e exploração; e o pré-sal deixaria de ser uma reserva econômica para virar uma reserva estratégica.

É óbvio que a diretora da Petrobras e a ministra da Casa Civil sabem disso. O que elas estão tentando evitar é que nossa benção divina seja lembrada apenas como mais um discurso populista. Mas a repercussão do que é dito hoje não é mais a mesma do que foi dito há alguns meses pelo nosso presidente. O que os pobres vão lembrar é das promessas de investimento em projetos sociais e não vão se preocupar em saber como está a economia mundial ou a cotação do preço do barril de petróleo. Para conter mais uma decepção em massa, a ministra vai precisar rever a sua estratégia, ou arrumar outra melhor.

Gisele Barbosa Ribeiro

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