sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quando eu crescer quero ser...

... um integrante da Al Qaeda. Espantou-se? O problema é que tem muita gente mundo afora que pensa assim.

Se depois de alcançar o ápice de sua glória nos ataques aos EUA e a Madri a organização terrorista não conseguiu mais “grandes feitos”, uma coisa é inegável, ela espalhou a semente pelo mundo.

É isso que temos visto nos últimos anos em atentados à Londres, Intambul, Beslan, Islamabad, ao Cairo e a tantas outras cidades. Ataques com a marca e sem a participação da Al-Qaeda . E é isso que vimos principalmente essa semana em Mumbai (ou Bombain), quando um bando de moleques de vinte e poucos anos conseguiram sem muita dificuldade atacar a tiros e granadas um hospital, uma estação de trem, um posto policial e dois hotéis de luxo da capital financeira da Índia. Os terroristas provavelmente não têm ligação nenhuma com o grupo de Osama Bin Laden, só admiração.

A Índia, que forma junto com Brasil, Rússia e China o “BRIC”, experimenta um desenvolvimento nunca visto em sua história recente e a cidade atacada é um retrato disso. Mas como é típico na globalização, o desenvolvimento é conhecido somente por alguns.

Os moradores do norte do país, por exemplo, são deixados à margem desse progresso. A suspeita é que venham de lá os terroristas do Deccan Mujahideen, apesar de o nome significar Combatentes do Sul. Especialistas afirmam que essa é apenas uma forma de tentar despistar as autoridades.

Os moleques terroristas escolheram os hotéis de luxo como principal alvo com um objetivo: vitimar estrangeiros. São muitas as notícias de mortos e sobreviventes vindos de países desenvolvidos. Italianos, japoneses, israelenses, um multimilionário inglês, a prefeita de Madri e muitos outros estavam em Mumbai no momento dos atentados. Testemunhas contam que os terroristas perguntavam por passaportes britânicos ou americanos.

O governo da Índia fez como o Deccan Mujahideen e voltou seus olhos pra fora do país. A acusação ao Paquistão veio imediatamente, mesmo que não tenha vindo de forma clara. É preciso que Nova Delhi assuma primeiro os próprios erros. Só assim vai descobrir qual a participação externa, se é que houve mesmo essa participação.

Segundo fontes oficiais já são 125 mortes, mas estima-se que esse número possa subir consideravelmente nos próximos dias, pois os desaparecidos ainda são muitos. A nova Al-Qaeda é assim, não tem chefe, não tem sede, nem cúpula. Al-Qaeda é uma ideologia, que qualquer um pode seguir quando crescer. Basta reunir umas armas, umas bombas e umas mentes doentias. O pior é que os moleques da Índia nem esperaram crescer pra realizar o sonho.

por José Roberto Castro e Silva

Um comentário:

Beto disse...
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