segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O poder da palavra

É importante utilizar esse espaço para um momento um tanto metalingüístico. Falar de blog em um blog pode parecer estranho a princípio, mas a idéia é deixar uma abertura para reflexões a respeito da revolução pela qual a comunicação tem passado e da importância social das mudanças decorrentes de tal revolução.

É fato que o diário digital tem sido uma ferramenta muito recorrente no universo do "ponto com". Isso porque se tornou muito fácil criar um blog e porque ele oferece aos usuários diversas vantagens, como a liberdade para escrever sobre qualquer assunto que quiserem. Além disso, os blogs trazem o glamour de, muitas vezes, poder "ser jornalista por um dia". É importante, porém, que haja um entendimento dessa mídia e de quais conseqüências ela pode trazer para a sociedade atual.

O ponto inicial para essas modificações parece ter sido a revolução tecnológica que trouxe à tona novas possibilidades de se conectar com o mundo inteiro e fazer jus ao termo globalização. Dessa forma, ela também impôs uma revolução nas formas de se fazer comunicação e, com o surgimento dos blogs, por exemplo, todos puderam exercer, de fato, a tão buscada interatividade com os meios. A internet conferiu ao espectador o poder de produzir conteúdo, fazendo com que ele não precise mais se atomizar em uma massa passiva que só recebe informações.

Não sei se a extensão do poder da escrita pode ser vista como boa ou ruim. Se pensarmos pelo lado dos pessimistas, podemos dizer que será o fim do jornalismo de qualidade, que acabará se confundindo com textos feitos por jovens que querem expor suas idéias ao mundo a todo custo, sem se preocuparem realmente com a veracidade dos fatos e dados que apresentam. O problema de todos poderem escrever é que se torna difícil separar o que é bom do que é ruim. O que é verdade, do que não é. E no nosso mundo, em que milhares de pessoas utilizam a internet como principal fonte de informação, é preocupante a disseminação de textos duvidosos pela rede.

Por outro lado, seguindo o pensamento otimista dos que acreditam que a tecnologia oferece muito mais soluções para o processo de comunicação, podemos pensar que, de fato, quando todos podem escrever sobre o que pensam, a informação torna-se mais democrática e difundida. Assim, os indivíduos passam a construir o seu ponto de vista sob os principais assuntos que impactam a sociedade e, de certa forma, passam a questionar o enquadramento quase nunca imparcial das grandes redes de televisão, jornais e revistas, dado às notícias em geral.

De qualquer forma, os dois lados da moeda sempre coexistirão. Acredito que a questão não é abordar o assunto de forma tão ambivalente. O que temos que pensar é o que fazer com essas novas formas de comunicação a que temos acesso. Se hoje temos o poder de gritar aos quatro cantos do mundo, que façamos isso de forma consciente e com um propósito justificável. Que façamos isso por algo maior, para mobilizarmos a população diante de uma causa ou movimento social, por exemplo. Algumas pessoas tem o dom de mover uma multidão apenas com palavras e, como não existem mais barreiras para a opinião, talvez seja a hora de pensarmos no futuro que queremos e utilizarmos dessa poderosa arma - a opinião - para ajudar a construí-lo.

Laura Giordano

O erro também é nosso


O erro também é nosso
A violência parece ser assunto permanente na agenda midiática. Há quem acredite ser o endurecimento na engrenagem do sistema penal a solução mais sensata . Surgem então, discussões que propõem alternativas como a redução da maioridade penal e a legalização da pena de morte. Opções que só agravariam o verdadeiro caos presente no país. O problema é muito complexo para uma solução tão simples e imediatista. Por ser a principal causa, a desigualdade social é muito mais digna de ocupar a mente dos governantes do que a expansão carcerária, no quesito segurança nacional .
Mas e quanto a nós, cidadãos comuns na suposta democracia brasileira? Qual o nosso papel diante daqueles que “ atormentam” a tão desejada harmonia urbana. É com indiferença, que na maior parte das vezes, passamos por crianças e adultos dormindo nas ruas. Agimos com nada mais do que um sentimento de compaixão, perdido na esquina seguinte. A moeda só muda de face quando aquela criança passa cheirando cola ao nosso lado ou nos assalta à mão armada. Agredindo a clamada integridade social, esta assim será lembrada, claro, como pivete, trombadinha, marginal, assassina. Mas que direito temos de reclamar, se fizemos ou fazemos tão pouco, ou nada, para o desenvolvimento pessoal dela? É sempre mais fácil colocar a culpa no governo e na polícia, procurando esquivar-se ao máximo de quem representa perigo à quem amamos.
Romanticamente, até atribuímos ao esforço pessoal a chave para a superação das dificuldades e para o sucesso. Pensamos “ se o jovem se esforça, pode até viver na favela, que consegue uma situação melhor de vida”. Sim, o esforço pode até ser a chave para o sucesso, mas quando se trata de pessoas dotadas de condições físicas, psicológicas e financeiras minimamente adequadas. Caso contrário, oportunidades tentadoras, inspiradas por heróis do crime aparecerão como a melhor alternativa. E aos seguidores da criminalidade, a sociedade média diagnosticará apenas a falta de caráter. Difundindo ao máximo a idéia de que a “jaula” é o castigo mais propício, desprezando que as prisões não são ressocializadoras como tenciona a Lei de Execução Penal de 1984.
Nosso julgamento de nada vale se não se propõe a integrar quem está à margem. E isso exige o nosso esforço, o de quem tem mínimas condições de desenvolvimento intelectual e psicológico para estudar, entender e agir por um povo, de desigualdade social marcada desde suas origens. Enclausurar-se atrás de portões tranqüiliza, mas não resolve o grande problema da violência. Desviar-se dela, só contribui para sua proliferação e para a exclusão daqueles que a cometem.
Por Anelise Polastri Ribeiro

Sociedade pós-racial



Por Pedro Guedes

O ineditismo presente no fato de Barack Obama ser o primeiro presidente negro eleito em um país com histórico de racismo exacerbado, como os Estados Unidos, colocou em pauta a possibilidade do surgimento daquilo que especialistas estão chamando de sociedade pós-racial.
Esse termo significa que o problema racial está sendo superado devido a fatores como a globalização, a imigração e o casamento interracial. Dessa forma, a sociedade parou de “enxergar” e de agir conforme a raça, o que fez com que homens e mulheres deixassem de ver problemas em eleger um presidente negro, em ter um chefe negro ou em ver seus filhos se casarem com negros.
Confirmada ou não a existência e consolidação desse novo tipo de sociedade, é fato que a eleição de Obama forçou o Brasil a olhar para a sua própria divisão racial. Inevitavelmente, surgiram na imprensa, entrevistas e reportagens que falavam sobre o nosso racismo e sobre como o país estaria a anos de distância de eleger um presidente negro.
Paralelamente a essa discussão, na semana em que se comemorou o dia da Consciência Negra, o instituto Datafolha divulgou uma pesquisa que media o racismo brasileiro. Essa pesquisa, quando comparada a uma outra que abordava o mesmo assunto, também realizada pelo Datafolha em 1995, confirmou que o racismo perdeu força no país.
Segundo o instituto, atualmente 50% dos brasileiros se assumem pretos ou pardos, enquanto a parcela de população branca caiu de 50% para 37%, de 1995 a 2008. Essa diferença indica que pessoas que antes se consideravam brancas deixaram de se classificar assim. Também caiu de 22% para 16% agora, o número de pessoas que dizem já terem sido discriminadas por causa de sua cor. Hoje há também uma maior presença de pretos e pardos no ensino superior. Em 2005, eles eram 18% dos estudantes, enquanto hoje são 31%.
Mas apesar disso, junto aos dados animadores revelados pela pesquisa, ainda existem velho preconceitos intrínsecos na nossa sociedade. Ao serem perguntadas se eram racistas, apenas 3% das pessoas entrevistadas responderam que sim. No entanto, para 91% dessas mesmas pessoas, os brancos têm preconceito contra os negros, o que pode indicar que a maioria das pessoas não se considera racista, mas considera que aqueles ao seu redor são. Ou pior, esses dados podem indicar a presença de um racismo mais velado.
Outro fator preocupante são os problemas enfrentados pela população negra com a discriminação no trabalho ou ao procurarem emprego. Segundo a pesquisa, uma mulher negra recebe 56% do salário de um homem branco. Já um homem negro recebe 62% do salário de um homem branco. E quando se fala em educação, a diferença de oportunidades também é evidente. Apesar de a diferença da média de estudo de pretos e pardos para brancos ter caído de 2,1 anos em 1995 para 1,8 anos agora, ainda assim a média atual de 6,3 anos de estudo de pretos e pardos é menor do que os 6,4 anos de brancos em 1995.
Essa pesquisa do Datafolha revela que o Brasil não deixou de ser um país racista, mas com certeza o preconceito diminuiu. Hoje, devido a uma popularização do discurso politicamente correto, há uma consciência de que o racismo é um valor negativo.
Mas, voltando a comparar o nosso país com Obama e os EUA, é fato que o fenômeno ocorrido lá dificilmente se repetiria no Brasil em um curto prazo. O maior motivo pra essa constatação, está no fato de que os brasileiros não desenvolveram tantas políticas e ações afirmativas que combatam de fato o racismo quanto os americanos. Um exemplo de política americana que foi eficaz ao resolver o problema é a Lei dos Direitos Civis, de 1964, que assegurou a igualdade de oportunidades aos negros. Essa lei nada mais fez que transformar, em pouco mais de 40 anos, os EUA de um país que proibia que negros e brancos freqüentassem os mesmos ambientes para uma nação comandada por um homem negro.
Dessa comparação entre o racismo nos EUA e no Brasil, fica a comprovação de que a segregação apoiada pelo Estado, como nos EUA do século passado, foi relativamente fácil de combater, já que era uma injustiça evidente. Difícil mesmo é contestar o que ocorre no Brasil, em que a discriminação é sutil e discreta. Em que as pessoas não se assumem racistas, mas têm a total consciência de que ainda vivem em uma sociedade onde determinadas regras ainda são ditadas pela cor da pele.



domingo, 30 de novembro de 2008

Efeito Borboleta Verde

Esta semana ficamos sabendo de mais um capítulo da atual e incoveniente novela do meio ambiente. As chuvas em Santa Catarina que mataram e desabrigaram centenas de pessoas podem ter sido conseqüência do impacto do aquecimento global sobre a Amazônia. A notícia, que espanta e, ao mesmo tempo, entristece a nossa querida pátria amada teve papel fundamental. Serviu para mostrar aos ingratos moradores do planeta que a pétala arrancada em qualquer latitude ou longitude pode significar a condenação de toda a Terra.
As chuvas em Santa Catarina levaram ao palco das discussões ambientais um problema que, por muito tempo, preferiu-se jogar para debaixo do tapete. Na dinâmica ecológica, poluições ou estragos feitos e um determinado país podem prejudicar qualquer nação do planeta. É possível começarmos a análise engatinhando e chegar a exemplo simples de que muito gás carbônico foi lançado na atmosfera e, em conseqüência disso, convivemos hoje com o aquecimento que traz males de norte a sul. O problema maior de tal situação é que muitas vezes nos esta apenas vendarmos nossos olhos, pararmos em frente ao paredão e esperarmos o tiro. E, apesar de catastrófico, esse pensamento é válido quando consideramos que atualmente há pouca preocupação com as questões verdes.
Países de distintos continentes muitas vezes deixam de lado os assuntos que podem significar sua qualidade de vida e sobrevivência para ocupar o pódio do desenvolvimento tecnológico. Em outros contextos, vemos aqueles pequenos estragos de cada dia, que apesar de parecerem inofensivos, são tão negativos quanto os grandes estragos. A lógica é simples: os copos descartáveis, por exemplo, utilizados sem controle em empresas tornam-se uma “montueira” de lixo em curto espaço de tempo. Assim, nossos pequenos consumos inocentes são também nossos pequenos grandes poluidores.
Buscar os avanços tecnológicos é bastante relevante e essencial para a evolução humana. Entretanto, deve-se caminhar em harmonia com o meio ambiente. Podemos simplesmente seguir a moda e colocarmos no nosso dia-a dia idéias como a sustentabilidade. Assim, poderemos crescer de uma forma segura e satisfatória. Afinal, assim como atitudes ruins podem vitimar várias nações; boas escolhas podem favorecer e contagiar o planeta.
por Lorena Molter

sábado, 29 de novembro de 2008

2008: sem minimalismos

Dois mil e oito foi marcado por grandes acontecimentos. Muitos deles, porém preocupantes. Crimes, desastres naturais, eleições, esporte e crise financeira. Neste ano os fatos tiveram grande magnitude e enorme repercussão.

Pela primeira vez na história a China ganhou as Olimpíadas. Um arranhão na imagem do grande império americano, que sempre se orgulhou de seus feitos esportivos.

O país se horrorizou com os mais variados tipos de crimes. O caso Isabella Nardoni (em que todos se sentiram no direito de julgar), e o caso Eloá (em que ficamos em frente às televisões assistindo como em uma novela cada “novo e triste episódio”) foram com certeza os de maior estardalhaço.

Os diagnósticos ecológicos ficaram piores a cada entrada no noticiário. Os desastres mataram um grande número de pessoas, mas ao que parecem ainda não foram suficientes para conscientizar a população mundial.

Um negro foi eleito presidente dos Estados Unidos. Na tentativa de reaver o orgulho americano, o cargo de maior poder no mundo vai ser ocupado por um descendente de mulçumanos, com sobrenome Hussein.

A crise financeira chegou abalando as estruturas do capitalismo mundial. O mercado financeiro vive momentos de incerteza, a única vaga previsão que podemos fazer é que o neoliberalismo no molde que conhecemos desaparecerá.

O que une todos esses fatos? A vasta cobertura que a imprensa conferiu a esses acontecimentos. Porém, devemos olhar criticamente para esse excesso de exposição. O que deveria ser informação passou a virar espetáculo, o foco saiu do fato puro, suas repercussões e passou a ser o caráter espetacular. A velocidade com que novas informações são dadas impede que os espectadores tenham tempo de raciocinar sobre o que lhes é apresentado. A imprensa tem perigosamente interferido de forma direta nos fatos (chegado ao extremo ao conversar com um seqüestrador no caso Eloá), quando seu dever é o de repassar informações. As notícias “pipocam” e na maioria das vezes ficamos sem saber qual é o desfecho dos fatos. Os meios de Comunicação deveriam ser mais responsáveis, e medir as conseqüências da busca desesperada pela audiência que muitas vezes geram informações falsas e coberturas de má qualidade.

Por Dafne Nascimento

Homem de preto ou TV em cores: quem manda mais?


por Pedro Brasil Silva

Desde domingo, os noticiários esportivos têm um único foco: o pênalti cometido – ou não – por Leo Fortunato do Cruzeiro em Diego Tardelli do Flamengo aos 48 minutos do segundo tempo, não marcado pelo árbitro Carlos Eugênio Simon. O lance foi extremamente duvidoso até para as câmeras da televisão. Para quem viu o jogo pela TV aberta, o toque do zagueiro no atacante é nítido, porém uma câmera exclusiva da ESPN mostra que o atacante pode ter simulado a infração. Todavia, o mais importante dessa história não está no erro do juiz. Aliás, erros de arbitragem sempre estiveram presentes na história do futebol (quem não se lembra da “Mão de Deus” de Maradona contra a Inglaterra que classificou a seleção argentina à semifinal da Copa de 86, no México). O problema está na proporção que o possível equívoco chegou. Passou-se a comentar e analisar apenas a desempenho de Simon ao invés de exaltar a grande atuação do time celeste e a inoperância do sistema defensivo rubro-negro naquele que, para muitos, foi o melhor jogo do campeonato. E todo esse barulho foi criado por uma falta que mesmo com o auxílio dos replays, variados ângulos de câmeras e congelamento de imagens não atingiu um consenso entre os jornalistas esportivos.

Grande parte da mídia esportiva nacional apoiou o Flamengo e execrou o arbitro. Muitas acusações à índole de Simon foram levantadas e o juiz, que já apitou duas Copas do Mundo teve sua credibilidade posta em xeque. O vice-presidente de futebol do time carioca, Kléber Leite chegou a afirmar que Simon “deveria aprender a ser homem”. Isto não é papel esperado de um time com uma imensa legião de torcedores como é o Flamengo. Cabia ao rubro-negro acatar a derrota, juntar os cacos, levantar a cabeça e lutar - afinal de contas, ainda restam as duas últimas rodadas do campeonato e a diferença do time para o quarto colocado da competição é de apenas um ponto.

A revolta da equipe carioca com a atuação do juiz foi tão grande que a diretoria flamenguista organizou um dossiê com alguns erros de Simon e o entregou à FIFA. O intuito é de eliminar o juiz da equipe de arbitragem para a próxima Copa do Mundo. E o árbitro, que já foi apontado diversas vezes como o melhor do país, quase perdeu a possibilidade de ir à África do Sul representando o Brasil no quadro de juízes (só não saiu do efetivo pelo fato de ser o único brasileiro indicado).

É importante destacarmos que no jogo de domingo Simon não marcou uma penalidade a favor do time celeste no primeiro tempo, ou seja, errou (ou possivelmente errou) contra as duas equipes, não estava mal intencionado ou tendencioso a favorecer um ou outro time. Além disso, era claro que o árbitro não estava em um bom dia, inverteu faltas, ignorou outras e estava longe dos lances. Acontece, inclusive com os melhores. Afinal de contas: errar é humano (e os juizes são “muito humanos” até por conta da responsabilidade que é investida neles). A campanha “Anti-Simon”, criada mídia e pela diretoria do Flamengo foi e é bastante covarde. Ele foi julgado e condenado por um possível equívoco que nem os recursos televisivos deram uma resposta definitiva. Qual o critério deste julgamento? Sendo que o árbitro no campo de jogo não tem outro recurso visual além dos próprios olhos e a ajuda de seus auxiliares? Acredito que o julgamento da arbitragem através de imagens congeladas deixa os homens do apito em uma posição inglória e desprestigia seu trabalho, já que eles não têm a possibilidade de recorrer a tais recursos. Pode-se resolver esse problema de duas formas: viabilizar as imagens gravadas aos juízes durante a partida, assim como no basquete, parando o jogo a cada lance duvidoso (hipótese improvável), ou respeitar o apito do juiz, confiar na sua honestidade e perceber que, a autoridade máxima do jogo, é o homem de preto e não a TV em cores.

O poder dos fortes sobre os fracos

É assustador ver como os casos de violência contra a criança crescem desenfreadamente a cada dia. Ao ligarmos a TV, abrirmos um jornal, nos deparamos freqüentemente com situações como a de Isabella Nardoni, morta ao ser arremessada pela janela de um prédio. Parece até que virou uma coisa corriqueira do dia a dia.
Além da violência física, outra que se faz presente é a sexual. O caso mais recente, divulgado pela mídia, ocorreu no último fim de semana, quando um homem foi preso acusado de ter estuprado a própria filha, de 11 anos.
Estatísticas mostram que a violência contra a criança é cometida, na maioria das vezes, pelos pais. Não só agressões físicas, mas também psicológicas e sexuais. Algumas estatísticas nacionais destacam que o principal tipo de mal-trato praticado pelos pais contra os filhos é a negligência.
Os maus-tratos às crianças ocorrem em todo o mundo. Nos Estados Unidos, são registrados cerca de 1,5 milhão de casos na família, por ano. Desses, duas mil crianças morrem. No Brasil, a violência doméstica é tão freqüente quanto nos Estados Unidos. Cerca de 600 mil crianças e adolescentes são maltratados pelos pais, todos os anos, em nosso país. Dessas, 1800 (0,3%) morrem. Infelizmente, poucos são os casos notificados. Acredita-se que, para cada 20 casos de violência, só um é notificado.
Assim como qualquer país do mundo, nenhuma classe social está livre da violência contra a criança. Muitos, erroneamente, associam ela à pobreza, acreditando que só acontece nas classes inferiores da população.
O mal-trato contra a criança é crime, por isso quem o pratica deve ser punido. No entanto, o que vemos é que isso raramente acontece. São poucos os casos de violência dos pais contra os filhos que chegam à Justiça, e raríssimos são os pais que recebem alguma punição.
Mais triste é ver como a violência está banalizada. As pessoas se acostumaram com ela, perdendo a capacidade de indignação. A violência contra a criança é um ato de covardia. Devemos buscar outras formas de educar filhos. É preciso dar a eles carinho, afeto, amor. A violência deixa marcas que podem durar por toda a vida.
Por Luana Lazarini