segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O erro também é nosso


O erro também é nosso
A violência parece ser assunto permanente na agenda midiática. Há quem acredite ser o endurecimento na engrenagem do sistema penal a solução mais sensata . Surgem então, discussões que propõem alternativas como a redução da maioridade penal e a legalização da pena de morte. Opções que só agravariam o verdadeiro caos presente no país. O problema é muito complexo para uma solução tão simples e imediatista. Por ser a principal causa, a desigualdade social é muito mais digna de ocupar a mente dos governantes do que a expansão carcerária, no quesito segurança nacional .
Mas e quanto a nós, cidadãos comuns na suposta democracia brasileira? Qual o nosso papel diante daqueles que “ atormentam” a tão desejada harmonia urbana. É com indiferença, que na maior parte das vezes, passamos por crianças e adultos dormindo nas ruas. Agimos com nada mais do que um sentimento de compaixão, perdido na esquina seguinte. A moeda só muda de face quando aquela criança passa cheirando cola ao nosso lado ou nos assalta à mão armada. Agredindo a clamada integridade social, esta assim será lembrada, claro, como pivete, trombadinha, marginal, assassina. Mas que direito temos de reclamar, se fizemos ou fazemos tão pouco, ou nada, para o desenvolvimento pessoal dela? É sempre mais fácil colocar a culpa no governo e na polícia, procurando esquivar-se ao máximo de quem representa perigo à quem amamos.
Romanticamente, até atribuímos ao esforço pessoal a chave para a superação das dificuldades e para o sucesso. Pensamos “ se o jovem se esforça, pode até viver na favela, que consegue uma situação melhor de vida”. Sim, o esforço pode até ser a chave para o sucesso, mas quando se trata de pessoas dotadas de condições físicas, psicológicas e financeiras minimamente adequadas. Caso contrário, oportunidades tentadoras, inspiradas por heróis do crime aparecerão como a melhor alternativa. E aos seguidores da criminalidade, a sociedade média diagnosticará apenas a falta de caráter. Difundindo ao máximo a idéia de que a “jaula” é o castigo mais propício, desprezando que as prisões não são ressocializadoras como tenciona a Lei de Execução Penal de 1984.
Nosso julgamento de nada vale se não se propõe a integrar quem está à margem. E isso exige o nosso esforço, o de quem tem mínimas condições de desenvolvimento intelectual e psicológico para estudar, entender e agir por um povo, de desigualdade social marcada desde suas origens. Enclausurar-se atrás de portões tranqüiliza, mas não resolve o grande problema da violência. Desviar-se dela, só contribui para sua proliferação e para a exclusão daqueles que a cometem.
Por Anelise Polastri Ribeiro

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